quinta-feira, 26 de março de 2009

O leão e o rato, a versão clássica.

Um Leão foi acordado por um Rato que passou correndo sobre seu rosto. Com um salto ágil ele o capturou e estava pronto para matá-lo, quando o Rato suplicou:

- Se o senhor poupasse minha vida, tenho certeza que poderia um dia retribuir sua bondade.

O Leão deu uma gargalhada de desprêzo e o soltou.

Aconteceu que pouco depois disso o Leão foi capturado por caçadores que o amarraram com fortes cordas no chão.

O Rato, reconhecendo seu rugido, se aproximou, roeu as cordas e libertou-o dizendo:

- O senhor achou ridículo a idéia de que eu jamais seria capaz de ajudá-lo. Nunca esperava receber de mim qualquer compensação pelo seu favor; Mas agora sabe que é possivel mesmo a um Rato conceber um favor a um poderoso Leão.

Autor: Esopo

MORAL: Os pequenos amigos podem se revelar grandes aliados.

4 coisas que gostaria de falar!

  1. Sabe, eu estou com problemas para achar fábulas, se alguém souber de algum site por favor me fale.
  2. Eu tenho que fazer as lições de casa e outras coisas, vou postar no minímo 3 fábulas por dia!
  3. Se alguém quiser mais fábulas de Esopo é só comentar!
  4. Vou procurar algumas clássicas que são bem bonitas!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Historinha Turma da Mônica - Fábulas!

http://www.monica.com.br/comics/fabulas/pag1.htm

Fábulas de Esopo

Autor(es): Russell Ash (compilação), Bernard Higton (compilação)

Editora: Companhia das Letras

Área(s): Infanto-Juvenil

ISBN: 9788585466299

96 pág.

Preço: R$ 38,00

Descrição:

Companhia das Letrinhas

Quem não conhece a famosa história da lebre e da tartaruga, aquela em que a lebre, tão convencida, acaba perdendo a corrida? E a fábula do velho, da criança e do burro? Ou então a lenda do pastorzinho mentiroso que de tanto dar falsos alarmes acabou ficando sem suas orelhas?

Pois é, se essas pequenas histórias são famosas entre nós, pouco se conhece sobre quem foi Esopo, o escritor dessas fábulas. Na verdade, não se sabe se Esopo, um suposto escravo grego, existiu ou não, mas o certo é que as histórias a ele atribuídas vêm sendo contadas e recontadas há mais de 2500 anos.

Sempre curtas e bem-humoradas, na maioria dos casos as fábulas de Esopo têm como protagonistas os animais e são reflexões sobre comportamento e costumes do cotidiano dos homens.

Valorizando o caráter universal e intemporal dessas pequenas jóias da literatura mundial, as histórias e os desenhos desta coletânea foram selecionados dentre as várias centenas de edições das Fábulas de Esopo, publicadas sobretudo na Europa e nos Estados Unidos, e seu conjunto exemplifica não só o apelo internacional desta obra como a diversidade visual que a acompanhou através dos tempos. Um clássico que fazia falta às crianças do Brasil.

Título Altamente Recomendável pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil - FNLIJ 1994, categoria tradução/criança

Fábulas - A Revolução dos Bichos


Desde que elas foram expulsas das suas Terras Natais pelo temido Adversário, as Fábulas inumanas têm vivido na Fazenda, uma vasta propriedade no interior de Nova York que as mantêm escondidas dos olhos curiosos da sociedade dos mundanos.

Mas agora, após centenas de anos de isolamento, a Fazenda está fervilhando com uma revolução, insuflada por Cachinhos Dourados e pelos Três Porquinhos.

E quando Branca de Neve e sua irmã Rosa Vermelha topam com o plano dos revolucionários para libertar as Terras Natais, os comissários da Fazenda estão prontos para silenciá-las... não importa como!

Reunindo o segundo arco de histórias da aclamada série do criador e roteirista Bill Willingham, FÁBULAS: A REVOLUÇÃO DOS BICHOS apresenta a estonteante arte do desenhista Mark Buckingham e do arte-finalista Steve Leialoha, e inclui uma seção especial de esboços de Willingham, Buckingham e do artista das capas James Jean.

Fábulas tortas

Autor(es): Diléa Frate

Editora: Companhia das Letras

Área(s): Infanto-Juvenil

ISBN: 9788574063027

64 pág.

Preço: R$ 33,00

Disponibilidade: envio em 2 dias úteis + prazo do frete

Descrição:

Companhia das Letrinhas

A Felicidade tem de pular as pedras que a Dificuldade põe em seu caminho; uma sombra não se contenta em seguir seu dono, decide botá-lo para dormir e toma seu corpo; a Vaidade conversa com a Ignorância; um guru não consegue mais levitar, tamanha a sujeira que acumula em seu corpo; um gato chamado Cocô abandona seu lar; uma árvore torta e linda definha de ciúmes de outra árvore, que é mais jovem, alta e esguia; três bonecas, a Ganância, a Prepotência e a Arrogância, vivem uma dentro da outra em relativa harmonia até que aparece uma quarta, a Intolerância; o Bobo e o Ridículo disputam para saber quem faz mais bobagens; um superpiolho é vencido pela menina Lelê e sua bisavó; duas bruxas, Angustina e Eventina, saem todas as noites a vagar pelas estrelas, só para tirar o sossego dos que dormem, enchendo-os de maus pensamentos; sem o inverno, ursos perambulam insones pelas áreas secas do sudeste da Sibéria; um camelo ajuda um beija-flor que está perdido no deserto - muitas histórias deste livro narram encontros improváveis e até meio absurdos. São fábulas que ocorrem num mundo meio de cabeça para baixo, cheio de defeitos, medos e desafios, onde as coisas não saem exatamente como o previsto.

Formato 17,00 x 25,00 cm


SOBRE A AUTORA

Dilea Frate
É jornalista, roteirista de televisão e escritora, desde que lançou em 1994 o livro Procura-se Hugo, também adaptado para o teatro. Seu livro Histórias para acordar (1996) já vendeu mais de 40 mil exemplares.

Minhas Fábulas Favoritas, As


Minhas Fábulas Favoritas, As

Sofia García

Fábulas e Adivinhas

As Minhas Fábulas Favoritas é uma cuidadosa selecção de textos dos mais famosos fabulistas:Esopo, Fedro, La Fontaine ou Samaniego, entre outros, agrupados em quatro blocos temáticos - fábulas de animais, de sempre, populares e inesquecíveis - e acompanhados de desenhos de tom realista que, juntamente com a moral da história, favorecerem a compreensão do conteúdo narrativo e literário.

€ 13.35

Fábulas - Lendas no Exílio nas livrarias


Depois de vários problemas que tivemos, finalmente o primeiro encadernado da Pixel de Fábulas, Lendas no Exílio, começou a chegar nas livrarias e comic shops esta semana. Um pouco mais pra frente este livro sairá também em grandes bancas. Vejam abaixo um briefing e a capa da edição:

Fábulas – Lendas no Exílio
As Fábulas foram expulsas há muito tempo de suas terras mágicas pelos exércitos de um general maligno conhecido como O Adversário. Sozinhos ou em pequenos grupos, esses refugiados acabaram encontrando um caminho para cá, para nosso mundo mundano e tão pobre em magia. Eles estabeleceram uma colônia secreta em uma região da cidade de Nova York, que chamaram de Cidade das Fábulas.

Há séculos, vivem no meio de nós sem percebermos. Moram nessa pequena comunidade, mantendo seus segredos, brigando, disputando, amando, prosperando, fracassando e, em geral, vivendo como o restante da humanidade. Este encadernado reúne as cinco primeiras edições da aclamada nova série da Vertigo escrita e idealizada por Bill Willingham.

132 páginas - R$32,90

O astrônomo

Um astrónomo tinha o costume de passerar todas as noites, estudando os astros. Um dia em que vagava por fora da cidade, distraído na contemplação do céu, caiu sem querer num buraco. Ele reclamou um pouco e depois começou a gritar por socorro. Por sorte, um homem passou por ali e aproximou-se para saber o que tinha acontecido. Informado dos fatos, disse:

- Meu amigo! Você quer ver o que existe no céu e não vê o que existe na Terra?


MORAL: "Tudo bem em olhar e conhecer ao nosso redor, mas antes, temos que saber onde estamos parados."

O gato e as ratas

Havia uma casa completamente cheia de ratas. Um gato sou disso e foi até lá e pouco a pouco, ia devorando as ratas. Mas elas, vendo que estavam sendo caçadas rapidamente, resolveram ficar escondidas em suas tocas.

Não podendo pegá-las, o gato planejou uma armadilha para que elas saíssem. Subiu no alto de uma viga e deitado nela se fingiu de morto. Porém, uma das ratas apareceu, o viu e lhe disse:

- Escuta aqui, amiguinho! Mesmo que você fosse um saco de farinha eu não me aproximaria de você.

MORAL: "Os malvados, quando não pode ferir suas vítimas diretamente, procuram um truque atraente para fazer isso. Tome sempre muito cuidado com o muito lindo e atraente que lhe oferecem."

A cobra e a raposa

A correnteza de um rio arrastava a uma cobra em cima de um emaranhado de espinhos. Uma raposa que descansava na margem do rio a viu passa e exclamou:

- Para tal tipo de embarcação, tal tipo de passageiro!


MORAL: "Pessoas pervesas sempre estão juntas de ferramentas perversas"

O jardineiro e o cachorro

O cachorro de um jardineiro havia caído em um poço. O jardineiro desceu até lá para salvá-lo. Acreditando o cachorro que ele havia descido para afundá-lo mais ainda, rosnou e o mordeu.

O jardineiro, sofrendo com a ferida, pôs-se a sair do poço dizendo:

- Agora eu entedi! Quem me chamou para salvar um cachorro que queria se suicidar?

MORAL: "Quando você estiver em perigo ou necessidade, não machuque a mão que lhe estenderam."

O veado e a vinha

Um veado era perseguido por alguns caçadores e por isso se escondeu debaixo de uma vinha. Os caçadores passaram muito perto, mas não a viram. Então, o veado, acreditando estar muito bem escondido, começou a saborear as folhas de vinha que o cobria.

Vendo aquelas folhas se mexerem, os caçadores tiveram a certeza de que ali tinha um animal escondido e atiraram com suas armas, acertando mortalmente o veado. Este, vendo que ia morrer, pronunciou essas palavras:

- Eu mereci, pois não devia maltratar a quem estava me salvando!

MORAL: "Seja sempre agradecido com aqueles que te ajudam a seguir em frente."

Liga das Nações

Gato-do-mato, jaguatirica e irara receberam um convite da onça para constituírem a Liga das Nações.
- Aliemo-nos e cacemos juntos, repartindo a presa irmãmente, de acordo com os nossos direitos.
- Muito bem! - exclamaram os convidados. - Isso resolve todos os problemas da nossa vida.
E sem demora puseram-se a fazer a experiência do novo sistema. Corre que corre, cerca daqui, cerca dali, caiu-lhes nas unhas um pobre veado. Diz a onça:
- Já que somos quatro, toca a reparti-lo em quatro pedaços.
- Ótimo!
Repartiu a presa em quatro partes e, tomando uma, disse:
- Cabe a mim este pedaço, como rainha que sou das florestas.
Os outros concordaram e a onça retirou a sua parte.
- Este segundo também me cabe porque me chamo onça.
Os sócios entreolharam-se.
- E este terceiro ainda me pertence de direito, visto como sou mais forte do que todos vós.
A irara interveio:
- Muito bem. Ficas com três pedaços, concordamos (que remédio!); mas o quarto tem que ser dividido entre nós.
- Às ordens! - exclamou a onça. - Aqui está o quarto pedaço às ordens de quem tiver a coragem de agarrá-lo.
E arreganhando os dentes assentou as patas em cima.
Os três companheiros só tinham uma coisa a fazer: meter a caudas entre as pernas. Assim fizeram e sumiram-se, jurando nunca mais entrar em Liga das Nações com onça dentro.

Monteiro Lobato

MORAL: "Esta fábula satiriza a hipocrisia das grandes nações (representadas pela onça), que falam em pactos e acordos mas na hora H empregam a força para fazer prevalecer seus interesses."

O velho galo e a raposa

Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore. A raposa, desapontada, murmurou consigo: "Deixa estar, seu malandro, que já te curo!..." E em voz alta:
- Amigo, venho contar uma grande novidade: acabou-se a guerra entre os animais. Lobo e cordeiro, gavião e pinto, onça e veado, raposa e galinha, todos os bichos agora andam aos beijos, como namorados. Desça desse poleiro e venha receber o meu abraço de paz e amor.
- Muito bem! - exclamou o galo. Não imagina como tal notícia me alegra! Que beleza vai ficar o mundo, limpo de guerras, deslealdades e traições! Vou já descer para abraçar a amiga raposa, mas... como lá vêm vindo três cachorros, acho bom esperá-los, para que também eles tomem parte na confraternização.
Ao ouvir falar em cachorro dona Raposa não quis saber de histórias, e tratou de pôr-se ao fresco, dizendo:
- Infelizmente, amigo Có-ri-có-có, tenho presa e não posso esperar pelos amigos cães. Fica para outra vez a festa, sim? Até logo.
E raspou-se.

MORAL: "Contra esperteza, esperteza e meia."

A cotovia e os filhos

Pra quem não sabe...
Cotovia: pássaro cinzento, da Europa

Uma cotovia tinha feito o eu ninho numa seara. Uma manhã, antes de sair em procura de comida para os seus filhotes, recomendou-lhes que estivessem alerta e que escutassem tudo quanto o lavrador, dono daquele campo, dissesse, para lhe contarem quando ela voltasse.
E assim foi. No seu regresso, os pequenos contaram-lhe que o lavrador tinha por ali passado com o filho e que ambos haviam determinado chamar os vizinhos para os ajudarem a ceifar o trigo.
- Então ainda não há perigo - disse a cotovia mãe.
No dia seguinte, as cotoviazinhas contaram-lhe que o lavrador tinha passado de novo por ali com o filho, e que ia dizendo a este que fosse chamar os primos para os ajudarem.
Quando isto ouviu, a cotovia mãe pensou que o perigo ainda não era iminente.
Ao terceiro dia os passarinhos disseram à mãe que tinham ouvido dizer ao lavrador que ia ele próprio e os filhos ceifar o campo.
- Ah, sim? Então é chegada a hora de fugirmos daqui. Eu bem sabia que nem os vizinhos e nem os parentes do lavrador o ajudariam na tarefa; mas se é ele mesmo que vai ceifar, então não temos outro remédio senão mudarmo-nos para outro campo.

Esopo

MORAL: "Quem quer faz, quem não que manda."

A mutuca e o leão

Pra quem não sabe...
Mutuca: nome comum às moscas hematófagas

Cochilava o leão à porta de sua caverna no momento em que a mutuca chegou.
- Que vens fazer aqui, miserável bichinho? Some-te, retira-te da presença do rei dos animais.
A mutuca riu-se.
- Rei? Não és para mim. Não conheço tua força, nem tenho medo de ti.
- Vai-te, excremento da terra!
- Vou, mas é tirar-te a prosa - disse a mutuca.
E atacou-o a ferroadas com tamanha insistência que o leão desesperou. Inutilmente espojava-se, e sovava-se a si próprio com a cauda ou tabefes das patas possantes. A mutuca fugia sempre e, ora no focinho, ora na orelha, ora no lombo, fincava-lhe sem dó o adunco ferrão.
Farta por fim de torturar o orgulhoso rei, a mutuca basofiou:
- Conheceste a minha força? Viste com de nada vale para mim o teu prestígio de rei? Adeus. Fica-te aí a arder que eu vou contar a toda a bicharada a estória do leão sovado pela mutuca.
E foi-se
Logo adiante, porém, esbarrou numa teia, enredou-se e morreu no ferrão da aranha.

Monteiro Lobato

MORAL: "São mais de temer os pequenos inimigos do que os grandes." Ou "Não se envaideça pelas glórias que alcançar, pois podem ser passageiras."

A raposa e as uvas

Certa Raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadinha de cachos maduros, coisa de fazer vir água à boca. Mas tão altos que nem pulando.
O matreiro bicho torceu o focinho.
- Estão verdes - murmurou. Uvas verdes, só para cachorro.
E foi-se.
Nisto deus um vento e uma folha caiu.
A Raposa ouvindo o barulhinho voltou de pressa e pôs-se a farejar...

Millôr Fernandes

MORAL: "Quem desdenha quer comprar."

O lobo e o cordeiro

Estava o cordeiro a beber num córrego, quando apareceu um lobo esfaimado, de horrendo aspecto.
- Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber? - disse o monstro arreganhando os dentes. - Espere, que vou castigar tamanha má-criação!...
O cordeirinho, trêmulo de medo, respondeu com inocência:
- Como posso turvar a água que o senhor vai beber se ela corre do senhor para mim?
Era verdade aquilo e o lobo atrapalhou-se com a resposta. Mas não deu o rabo a torcer.
- Além disso - inventou ele -, sei que você andou falando mal de mim o ano passado.
- Como poderia falar mal do senhor o ano passado, se nasci este ano?
Novamente confundido pela voz da inocência, o lobo insistiu:
- Se não foi você, foi seu irmão mais velho, o que dá no mesmo.
- Como poderia ser o meu irmão mais velho, se sou filho único?
O lobo, furioso, vendo que com razões claras não vencia o pobrezinho, veio com uma razão de lobo faminto:
- Pois se não foi seu irmão, foi seu pai ou seu avô!
E - nhoque! - sangrou-o no pescoço.

Monteiro Lobato

MORAL: "Contra a força não há argumentos."

Os dois ladrões

Dois ladrões de animais furtaram certa vez um burro e, com não pudessem reparti-lo em dois pedaços, surgiu a briga.
- O burro é meu! Alegava um. O burro é meu porque o vi primeiro...
- Sim - argumentava o outro, você o viu primeiro; mas quem primeiro o segurou fui eu. Logo, é meu...
Não havendo acordo possível, engalfinharam-se, rolaram na poeira aos socos e dentadas.
Enquanto isso um terceiro ladrão surge, monta no burro e foge a galope.
Finda a luta, quando os ladrões se ergueram, moídos da sova, rasgados, esfolados...
- Que é do burro?
Nem sombra! Riram-se risadinha amarela - e um deles, que sabia latim, disse:
- Inter duos litigantes tertius gaudet, que quer dizer:

MORAL: "Quando dois brigam, lucra um terceiro mais esperto."

O homem e a cobra

Certo homem de bom coração encontrou na estrada uma cobra estanguida de frio.
- Coitadinha! Se fica por aqui ao relento, morre gelada.
Tomou-a nas mãos, aconchegou-a ao peito e trouxe-a para casa. Lá a pôs perto do fogão.
- Fica-te por aqui em paz até que eu volte do serviço à noite. Dar-te-ei então um ratinho para a ceia. E saiu.
De noite, ao regressar, veio pelo caminho imaginando as festas que lhe faria a cobra.
- Coitadinha! Vai agradecer-me tanto...
Agradecer, nada! A cobra, já desentorpecida, recebeu-o de lingüinha de fora e bote armado, em atitude tão ameaçadora que o homem enfurecido exclamou:
- Ah, é assim? É assim que pagas o benefício que te fiz? Pois espera, minha ingrata, que já te curo...
E deu cabo dela com uma paulada.

Monteiro Lobato

MORAL: "Fazei o bem, mas olhai a quem."

O jequitibá e o caniço

Era um jequitibá enorme, o mais imponente da floresta. Mas orgulhoso e gabola, fazia pouco caso das árvores menores e ria-se com desprezo da plantinhas humildes. Vendo a seus pés um caniço, disse:
- Que triste vida você leva, tão pequenino, sempre à beira d'água vivendo entre saracuras e rãs... Qualquer ventinho te dobra. Um tisiu que pouse em você tua haste já te verga que nem bodoque. Que diferença entre nós! A minha copa chega às nuvens e as minhas folhas tapam o sol. Quando ronca a tempestade, rio-me dos ventos e divirto-me cá do alto a ver os seus apuros.
- Muito obrigada! - respondeu o caniço ironicamente. Mas fique sabendo que não me queixo e cá à beira d'água vou vivendo como posso. Se o vento me dobra, em compensação não me quebra e, cessado o temporal, ergo-me direitinha com antes. Você entretanto...
- Eu, quê?
- Você, jequitibá, tem resistido aos vendavais de até aqui: mas resistirá sempre? Não revirará um dia de pernas para o ar?
- Rio-me dos ventos como rio de você - murmurou com ar de desprezo a orgulhosa árvore.
Meses depois, na Estação da Chuvas, sobreveio certa noite uma tremenda tempestade. Raios coriscavam um atrás do outro e o ribombo dos trovões estremecia a terra. O vento infernal foi destruindo tudo quanto se opunha à sua passagem.
O caniço, apavorado, fechou os olhos e curvou-se rente com o chão. E ficou assim encolhidinho, até que o furor dos elementos se acalmasse e uma fresca manhã de céu limpo sucedesse aquela noite de horrores. Ergueu, então a haste flexível e pôde ver os estragos da tormenta. Inúmeras árvores por terra, despedaçadas e, entre as vítimas, o jequitibá orgulhoso, com a raizama à mostra.

MORAL: "Quanto maior a altura, maior o tombo."

Diz que um leão enorme ia andando chateado, não muito rei dos animais, porque tinha acabado de brigar com a mulher e esta lhe dissera poucas e boa

Era uma dessas baratinhas brancas e nojentas, acostumadas à só imundice e ao monturo, comendo calmamente sua refeição composta de um pedaço de barata podre e um pedaço de tomate podre (causando inveja a muita gente). Chegou junto dela um Rato transmissor de peste bubônica e lhe disse: "Comadre, ontem tive uma aventura extraordinária. Estive num lugar realmente impressionante, com você, comadre, certo jamais encontrará em toda sua vida". Barata comendo. "O lugar era uma coisa que realmente me deixou de boca aberta" - prosseguiu o Rato - "tão espantoso e tão diferente é de tudo o que tenho visto em minhas vida roedora". (É sua sina roer.) Barata comendo. "Imagina você - prosseguiu p Rato - "que descobri o lugar por acaso. Vou indo numa das cavidades subterrâneas por onde passeio sempre, entrando aqui e ali numa casa e noutra, quando, de repente, percebo uma galeria que não conheço. Meto-me nela, um pouco amedrontado por não saber onde vai dar e de repente saio numa cozinha inacreditável. O chão, limpo, quem nem espelho! Os espelhos, de um brilho de cegar! As panelas, polidas como você não pode imaginar! O fogão, que nem um brinco! As paredes, sem uma mancha! O teto, claro e branco como se tivesse sido acabado de pintar! Os armários, tão arrumados e cuidados que estavam até perfumados! Poeira em nenhuma parte, umidade inexistente, no chão nem uma palito de fósforo...
E foi aí que a Barata não se conteve. Levou a mão à boca num espasmo e protestou: "Que mania! Que horror! Sempre vem contar essas histórias exatamente no momento em que a gente tá comendo!"

Millôr Fernandes

MORAL: "Para o vírus a penicilina é uma doença."

O leão e o rato

Diz que um leão enorme ia andando chateado, não muito rei dos animais, porque tinha acabado de brigar com a mulher e esta lhe dissera poucas e boas.
Ainda com as palavras da mulher o aborrecendo, o leão subitamente se defrontou com um pequeno rato, o ratinho menor que ele já tinha visto. Pisou-lhe a cauda e, enquanto o rato forçava inutilmente para fugir, o leão gritou: "Miserável criatura estúpida, ínfima, vil, torpe: não conheço na criação nada mais insignificante e nojento. Vou te deixar com vida apenas para que você possa sofrer toda a humilhação do que lhe disse, você, desgraçado, inferior, mesquinho, rato!" E soltou-o.
O rato correu o mais que pôde, mas quando já estava a salvo, gritou pro leão: - "Será que Vossa Excelência poderia escrever isso para mim? Vou me encontrar agora mesmo com uma lesma que eu conheço e quero repetir isso para ela com as mesmas palavras."

MORAL: "Existe sempre alguém pior do que nós."

Lição de esperteza

Um dia um pica-pau, depois de muito voar, sentiu sede.
Pousou em um telhado, olhou em volta, e não viu nem sombra de água. Cansado e sedento como estava, já se preparava para voar, quando viu uma garrafa cheia de água na varanda de uma casa próxima. Quando foi bebe - que decepção! A água só chegava até o gargalo e seu bico pequenino não chegava até ela.
Pôs-se a dar bicadas na garrafa para fazer um buraquinho, mas em vão, pois, o vidro era mais duro do que o seu bico. Tentou, então, tombar a garrafa, entornar a água, mas a garrafa era muito pesada. Desistiu de tudo e encarapitou-se no corrimão da varanda para pensar um meio melhor. O pica-pau era teimoso, quando queria uma coisa queria mesmo...
Começou a pensar, a pensar... De repente, bateu as asas de contente: tinha achado a solução para o problema. E pôs-se a executá-la. Apanhou com o bico uma pedrinha no chão e deixou-a cair dentro da garrafa; voltou a apanhar outra, logo apanhou a terceira e, assim, continuou deixando cair pedrinhas dentro da garrafa. A água foi subindo, subindo, até que chegou à boca. Então, o pica-pau pôde beber à vontade.

MORAL: "Paciência e raciocínio tudo vencem."

O vento e o sol

O vento e o sol tiveram certa vez uma grande e prolongada disputa sobre qual dos dois era o mais forte. Combinaram experimentar as forças em um viajante, a ver qual deles obrigaria o transeunte a tirar mais depressa o capote. Principiou o vento e soprou sobre o homem uma rajada forte e acompanhada de chuva fria e penetrante. Mas quanto mais ventava, tanto mais o viajor abotoava o capote e nele se envolvia.
Em seguida abriu um olho de sol, dissipando nuvens e resplandecendo em raios benéficos e alegres. O calor desfez em pouco os efeitos do vento e, quando o sol brilhou com maior força, o viajeiro, vencido da calma, tirou o capote e dependurou-o ao braço.

MORAL: "A persuasão é melhor que a força."

A cigarra e a formiga

essa parece mais um poeminha!

A cigarra, sem pensar
em guardar,
a cantar passou o verão.
Eis que chega o inverno, e então,
sem provisão na despensa,
como saída, ela pensa
em recorrer a uma amiga:
sua vizinha, a formiga,
pedindo a ela, emprestado,
algum grão, qualquer bocado,
até o bom tempo voltar.
"Antes de agosto chegar,
pode estar certa a senhora:
pago com juros, sem mora."
Obsequiosa, certamente,
a formiga não seria.
"Que fizeste até outro dia?"
perguntou à imprevidente.
"Eu cantava, sim, Senhora,
noite e dia, sem tristeza."
"Tu cantavas? Que beleza!
Muito bem: pois dança agora..."

La Fontaine

Em francês...

La cigale et la fourmi

La cigale, ayant chanté
Tout l'été,
Se trouva fort dépourvue
Quand la bise fut venue.
Pas un seul petit morceau
De mouche ou de vermisseau
Elle alla crier famine
Chez la fourmi sa voisine,
La priant de lui prêter
Quelque grain pour subsister
Jusqu'à la saison nouvelle
«Je vous paierai, lui dit-elle,
Avant l'oût, foi d'animal,
Intérêt et principal.»
La fourmi n'est pas prêteuse ;
C'est là son moindre défaut.
«Que faisiez-vous au temps chaud ?
Dit-elle à cette emprunteuse.
Nuit et jour à tout venant
Je chantais, ne vous déplaise.
- Vous chantiez ? j'en suis fort aise.
Eh bien : dansez maintenant.»

La Fontaine

A coruja e a águia

Coruja e águia, depois de muita briga, resolveram fazer as pazes.
- Basta de guerra - disse a coruja. O mundo é tão grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra.
- Perfeitamente - respondeu a águia. - Também eu não quero outra coisa.
- Nesse caso combinemos isso: de ora em diante não comerás nunca os meus filhotes.
- Muito bem. Mas como vou distinguir os teus filhotes?
- Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem feitinhos de corpo, alegres, cheio de uma graça especial que não existe em filhote de nenhuma outra ave, já sabes, são os meus.
- Está feito! - concluiu a águia.
Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três monstrengos dentro, que piavam de bico muito aberto.
- Horríveis bichos! - disse ela. Vê-se logo que não são os filhos da coruja.
E comeu-os.
Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi justar contas com a rainha das aves.
- Quê? - disse esta, admirada. Eram teus filhos aqueles monstreguinhos? Pois, olha, não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste...

MORAL: "Para retrato de filho ninguém acredite em pintor pai. Lá diz o ditado: quem o feio ama, bonito lhe parece."

A morte da tartaruga

O menininho foi ao quintal e voltou chorando: a tartaruga tinha morrido. A mãe foi ao quintal com ele, mexeu na tartaruga com um pau (tinha nojo daquele bicho) e constatou que a tartaruga tinha morrido mesmo. Diante da confirmação da mãe, o garoto pôs-se a chorar ainda com mais força. A mãe a princípio ficou penalizada, mas logo começou a ficar aborrecida com o choro do menino. "Cuidado, senão você acorda o seu pai". Mas o menino não se conformava. Pegou a tartaruga no colo e pôs-se a acariciar-lhe o casco duro. A mãe disse que comprava outra, mas ele respondeu que não queria, queria aquela, viva! A mãe lhe prometeu um carrinho, um velocípede, lhe prometeu uma surra, mas o pobre menino parecia estar mesmo profundamente abalado com a morte do seu animalzinho de estimação.
Afinal, com tanto choro, o pai acordou lá dentro, e veio, estremunhado, ver de que se tratava. O menino mostrou-lhe a tartaruga morta. A mãe disse - "Está aí assim há meia hora, chorando que nem maluco. Não sei mais o que fazer. Já lhe prometi tudo mas ele continua berrando desse jeito". O pai examinou a situação e propôs: - "Olha, Henriquinho. Se a tartaruga está morta, não adianta mesmo você chorar. Deixa ela aí e vem cá com o papai". O garoto depôs cuidadosamente a tartaruga junto do tanque e seguiu o pai, pela mão. O pai sentou-se na poltrona, botou garoto no colo e disse: - "Eu sei que você sente muito a morte da tartaruguinha. Eu também gostava muito dela. Mas nós vamos fazer para ela um grande funeral". (Empregou de propósito a palavra difícil). O menino parou imediatamente de chorar. "que é funeral?" O pai lhe explicou que era um enterro. "Olha, nós vamos à rua, compramos uma caixa bem bonita, bastante balas, bombons, doces e voltamos para casa. Depois botamos a tartaruga na caixa em cima da mesa da cozinha e rodeamos de velinhas de aniversário. Aí convidamos os meninos da vizinhança, acendemos as velinhas, cantamos o "Happy Birth-Day-To-You"pra tartaruguinha morta e você assopra as velas. Depois pegamos a caixa, abrimos um buraco no fundo do quintal, enterramos a tartaruguinha e botamos uma pedra em cima com o nome dela e o dia em que ela morreu. Isso é que é funeral! Vamos fazer isso?" O garotinho estava com outra cara. "Vamos papai, vamos! A tartaruguinha vai ficar contente lá no céu, não vai? Olha, eu vou apanhar ela". Saiu correndo. Enquanto o pai se vestia, ouviu um grito no quintal. "Papai, papai, vem cá, ela está viva!" O pai correu pro quintal e constatou que era verdade. A tartaruga estava andando de novo, normalmente. "Que bom, hein?" - disse - "Ela está viva! Não vamos ter que fazer o funeral!" "Vamos sim papai" disse o menino ansioso, pegando uma pedra bem grande - "Eu mato ela".

Millôr Fernandes.

MORAL: "O importante não é a morte, é o que ela nos tira."

O socorro

Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão - coveiro - era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar pra cima e viu que, sozinho, não conseguiria sair, gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouvia um som humano, embora os cemitério estivesse cheio dos pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da meia-noite é que lá vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia: "o que é que há?"
O coveiro então gritou, desesperado: "Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível!" "Mas, coitado!" - condoeu-se o bêbado - "Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre mortinho!" E, pegando a pá, encheu-a de terra e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.

Millôr Fernandes.

MORAL: "Nos momentos graves é preciso verificar muito bem para quem se apela."

O velho, o menino e a mulinha

O velho chamou o filho e disse:
- Vá ao pasto, pegue a mulinha e apronte-se para irmos à cidade, que quero vendê-la.
O menino foi e trouxe a mula. Passou-lhe a raspadeira, escovou-a e partiram os dois a pé, puxando-a pelo cabresto. Queriam que ela chegasse descansada para melhor impressionar os compradores.
De repente:
- Esta é boa! - exclamou um visitante ao avistá-los. - O animal vazio e o pobre velho a pé! Que despropósito! Será promessa, penitência ou caduquice?...
E lá se foi, a rir.
O velho achou que o viajante tinha razão e ordenou ao menino:
- Puxa a mula, meu filho! Eu vou montado e assim tapo a boca do mundo.
Tapar a boca do mundo, que bobagem! O velho compreendeu isso logo adiante, ao passar por um bando de lavadeiras ocupadas em bater roupa num córrego.
- Que graça! - exclamaram ela. - O marmanjão montado com todo o sossego e o pobre do menino a pé... Há cada pai malvado por este mundo de Cristo... Credo!...
O velho danou-se e, sem dizer palavra, fez sinal ao filho para que subisse à garupa.
- Quero só ver o que dizem agora...
Viu logo. O Izé Biriba, estafeta do correio, cruzou com eles e exclamou:
- Que idiotas! Querem vender o animal e montam os dois de uma vez... Assim, meu velho, o que chega à cidade não é mais a mulinha; é a sobra da mulinha...
- Ele tem toda razão, meu filho; precisamos não judiar do animal. Eu apeio e você, que é levezinho, vai montado.
Assim fizeram, e caminharam em paz um quilômetro, até o encontro dum sujeito que tirou o chapéu e saudou o pequeno respeitosamente.
- Bom dia, príncipe!
- Porque prícipe? - indagou o menino.
- É boa! Porque só príncipes andam assim de lacaio à rédea...
- Lacaio, eu? - esbravejou o velho. - Que desaforo! Desce, desce, meu filho e carreguemos o burro às costas. Talvez isso contente o mundo...
Nem assim. Um grupo de rapazes, vendo a estranha cavalgada, acudiu em tumulto com vaias:
- Hu! Hu! Olha a trempe de três burros, dois de dois pés e um de quatro! Resta saber qual dos três é o mais burro...
- Sou eu! - replicou o velho, arriando a carga. - Sou eu, porque venho há uma hora fazendo não que quero mas o que quer o mundo. Daqui em diante, porém, farei o que manda a consciência, pouco me importando que o mundo concorde ou não. Já que vi que morre doido quem procura contentar toda gente...

Monteiro Lobato

MORAL: "Não sei o caminho do sucesso, mas com certeza o do fracasso é querer agradar a todo mundo"

A águia

Certo dia uma águia olhou para baixo, do alto do seu ninho, e viu uma coruja.
- Que estranho animal! - pensou consigo mesma. Certamente não se trata de um pássaro.
Movida pela curiosidade, abriu suas grandes asas e pôs-se a descer voando em círculos
Ao aproximar-se da coruja perguntou:
- Quem é você? Como é seu nome?
- Sou a coruja - respondeu o pobre pássaro em voz trêmula, tentando esconder-se atrás de um galho.
- Ha, ha! Como você é ridícula! - riu a águia, sempre voando em torno da árvore. Só tem olhos e penas! Vamos ver, acrescentou, pousando num galho, - vamos ver de perto como você é. Deixe-me ouvir melhor sua voz. Se for tão bonita quanto sua cara vou ter que tapar os ouvidos.
- Enquanto isso a águia tentava, por meio das asas, abrir caminho por entre os galhos para apanhar a coruja.
Porém um fazendeiro havia colocado, entre os galhos da árvore, diversos ramos cobertos de visgo, e também espalhara visgo nos galhos maiores.
Subitamente a águia viu-se com as asas presas à árvore, e quanto mais lutava para se desvencilhar, mais grudadas ficavam suas penas.
A coruja disse:
- Águia, daqui a pouco o fazendeiro vai chegar, apanhar você e trancá-la numa grande gaiola. Ou talvez a mate para vingar-se pelos cordeiros que comeu. Você, que passou toda a sua vida no céu, livre de qualquer perigo, tinha alguma necessidade de vir até aqui para caçoar de mim?

Leonardo Da Vinci

MORAL: "Um dia da caça, outro do caçador."

O jabuti e a onça

essa é bonita e com uma boa lição de moral!

Certa vez, o jabuti pegou a sua gaita e tocou assim:
- O osso da onça é a minha gaita, ih, ih, ih,...
A onça, que passava por perto, ficou irritada e correu para pegá-lo. Mas o jabuti meteu-se num buraco adentro e a onça só conseguiu agarrar-lhe a perna.
O jabuti deu uma risada e disse:
- Pensa que agarrou minha perna? Agarrou foi uma raiz de pau!
A onça largou então a perna do jabuti, que deu uma segunda risada:
- Ora, dona onça, de fato você agora soltou a minha perna.
A grande tola, ao saber disto, ficou furiosa e durante muito tempo esperou o jabuti sair. Mas o jabuti, que era muito paciente, foi ficando, foi ficando, até a onça desistir e ir embora.

MORAL: "A inteligência vence a força"

Os animais e a peste

Em certo ano terrível de peste entre os animais, o leão, mais apreensivo, consultou um mono de barbas brancas.
- Esta peste é um castigo do céu - respondeu o mono - e o remédio é aplacarmos a cólera divina sacrificando aos deuses um de nós.
- Qual? - perguntou o leão.
- O mais carregado de crimes.
O leão fechou os olhos, concentrou-se e, depois duma pausa, disse aos súditos reunidos em redor.
- Amigos! É fora de dúvida que quem deve sacrificar-se sou eu. Cometi grandes crimes, matei centenas de veados, devorei inúmeras ovelhas e até vários pastores. Ofereço-me, pois, para o sacrifício necessário ao bem comum.
A raposa adiantou-se e disse:
- Acho conveniente ouvir a confissão das outras feras. Porque, para mim, nada do que Vossa Majestade alegou constitui crime. Matar veados - desprezíveis criaturas; devorar ovelhas - mesquinhos bichos de nenhuma importância; trucidar pastores - raça vil merecedora de extermínio! Nada disso é crime. São coisas até que muito honram o nosso virtuosíssimo rei leão.
Grandes aplausos abafaram as últimas palavras da bajuladora - e o leão foi posto de lado como impróprio para o sacrifício.
Apresenta-se em seguida o tigre e repete-se a cena. Acusa-se de mil crimes, mas a raposa prova que também o tigre era um anjo de inocência.
E o mesmo aconteceu com todas as outras feras.
Nisto chega a vez do burro. Adianta-se o pobre animal e diz:
- A consciência só me acusa de haver comido uma folha de couve na horta do senhor vigário.
Os animais entreolharam-se. Era muito sério aquilo. A raposa toma a palavra:
- Eis, amigos, o grande criminoso! Tão horrível o que ele nos conta, que é inútil prosseguirmos na investigação. A vítima a sacrificar-se aos deuses não pode ser outra porque não pode haver crime maior do que furtar a sacratíssima couve do senhor vigário.
Toda a bicharada concordou e o triste burro foi unanimemente eleito para o sacrifício.

Monteiro Lobato.

MORAL: "Aos poderosos tudo se desculpa; aos miseráveis nada se perdoa."

O julgamento da ovelha

Um cachorro acusou uma pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso.
- Para que furtaria um osso - alegou ela - se sou herbívora e um osso pra mim vale tanto como um pedaço de pau?
- Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou levá-la já aos tribunais.
E assim fez.
Queixou-se ao gavião e pediu-lhe justiça. O gavião reuniu o tribunal para julgar a causa, sorteando para isso doze urubus de papo vazio.
Comparece a ovelha. Fala. Defende-se muito bem, com razões muito irmãs das do cordeirinho que o lobo em tempos comeu.
Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não quis saber de nada e deu a sentença:
- Ou me entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte!
A ré tremeu: não havia escapatória!... Osso não tinha e não podia, portanto, restituir; mas tinha vida e ia entregá-la em pagamento do que não furtara.
Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, cortou-a em pedaços, reservou para si um quarto e dividiu o restante com os juízes famintos...

Monteiro Lobato

O pintassilgo

Leonardo, esse é famoso!

Ao voltar para o ninho, trazendo no bico uma minhoca, o pintassilgo não encontrou seus filhotes. Alguém os havia levado embora durante sua ausência.
Começou a procurá-los por toda parte, chorando e gritando. A floresta inteira ecoava seus gritos, mas ninguém respondia.
Dia e noite, sem comer nem dormir, o pintassilgo procurou seus filhotes, examinando todas as árvores e olhando dentro de todos os ninhos.
Certo dia um pássaro lhe disse:
- Acho que vi seus filhotes na casa do fazendeiro.
O pintassilgo voou, cheio de esperança, e logo chegou à casa do fazendeiro. Pousou no telhado, mas lá não havia ninguém. Voou para o pátio - ninguém.
Então, levantando a cabeça, viu uma gaiola pendurada do lado de fora de uma janela. Os filhotes estavam presos lá dentro.
Ao verem a mãe subindo pela grade da gaiola, os filhotes começaram a piar, suplicando-lhe que os libertasse. O pintassilgo tentou quebrar as grades com o bico e com as patas, mas foi em vão.
Em seguida, com um grito de grande tristeza, voou novamente para a floresta.
No dia seguinte o pintassilgo voltou para junto da gaiola dentro da qual seus filhotes estavam presos. Fitou-os longamente, com o coração carregado de tristeza. Em seguida alimentou-os um a um, através das grades, pela última vez.
Levara-lhes uma erva venenosa, e os passarinhos morreram.
- Antes a morte - disse o pintassilgo - do que perder a liberdade.

Leonardo da Vinci

MORAL: "Antes a morte do que perder a liberdade."

O ratinho, o gato e o galo

Monteiro... Meu escritor predileto e o seu?

Certa manhã um ratinho saiu do buraco pela primeira vez. Queria conhecer o mundo e travar relações com tanta coisa bonita de que falavam seus amigos.
Admirou a luz do sol, o verdor das árvores, a correnteza dos ribeirões, a habitação dos homens. E acabou penetrando no quintal de uma casa da roça.
- Sim senhor! É interessante isto!
Examinou tudo minuciosamente, farejou a tulha de milho e a estrebaria. Em seguida notou no terreiro um certo animal de belo pêlo que dormia sossegado ao sol. Aproximou-se dele e farejou-o sem receio nenhum.
Nisto aparece um galo, que bate as asas e canta.
O ratinho por um triz que não morreu de susto. Arrepiou-se todo e disparou como um raio para a toca. Lá contou à mamãe as aventuras do passeio.
- Observei muita coisa interessante - disse ele - mas nada me impressionou tanto como dois animais que vi no terreiro. Um, de pêlo macio e ar bondoso, seduziu-me logo. Devia ser um desses bons amigos da nossa gente, e lamentei que estivesse a dormir, impedindo-me assim de cumprimentá-lo.
O outro... Ai, que ainda me bate o coração! O outro era um bicho feroz, de penas amarelas, bico pontudo, crista vermelha, e aspecto ameaçador. Bateu as asas barulhentamente, abriu o bico e soltou um có-ri-có-có tamanho que quase cai de costas. Fugi. Fugi com quantas pernas tinha, percebendo que devia ser o famoso gato que tamanha destruição faz no nosso povo.
A mamãe-rata assustou e disse:
- Como te enganas, meu filho! O bicho de pêlo macio e ar bondoso é que é o terrível gato. O outro, barulhento e espaventado, de olhar feroz e crista rubra, o outro, filhinho, é o galo, uma ave que nunca nos fez mal nenhum. As aparências enganam. Aproveita, pois, a lição e fica sabendo que - quem vê cara não vê coração.

Monteiro Lobato

MORAL: "Quem vê cara não vê coração."

O macaco e a onça

essa eu achei muito engraçada!

O macaco andou fazendo pouco-caso da onça.
- Vou dar cabo desse danado - , pensou a onça, por conta!
E fez correr o boato de que havia morrido. O macaco ficou louco para ver a defunta. Mas, como sempre, estava desconfiado:
- Hum! Esta morte não me cheira bem...
Foi chegando à casa da onça e viu os parentes dela chorando. Bem a salvo, pendurado num galho de árvore, indagou:
- A falecida já espirrou?
- Por que? - perguntaram os parentes.
- Ora, quem morre sempre dá seu último espirro... - comentou ele, matreiro.
A onça ouviu tudo. Fingia-se de morta para agarrar o macaco. E, caindo na conversa dele, tratou de espirrar: - Atchim!
E o macaco? Safou-se gritando:
- Está viva, marota! Onde já se viu defunto espirrar?
A onça levantou-se, furiosa; e o macaco continuou a dizer-se mais esperto do que ela.

MORAL: "Não sei.. Se você descobrir me avisa..."

O cão e a carne

essa é uma fábula que usei em um trabalho, espero que gostem!

Um cão vinha caminhando com um pedaço de carne na boca. Quando passou ao lado do rio, viu sua própria imagem na água.
Pensando que havia na água um novo pedaço de carne, soltou o que carregava para apanhar o outro.
O pedaço de carne caiu na água e se foi, assim como sua imagem.
E o cão, que queria os dois, ficou sem nenhum.

MORAL: "Quem tudo quer, tudo perde."

A raposa e o corvo

Um corvo, empoleirado sobre uma árvore, segurava em seu bico um queijo. Uma raposa, atraídas pelo cheiro, dirigiu-lhe mais ou menos as seguintes palavras:
- Olá, doutor corvo! Como o senhor é lindo, como o senhor me parece belo! Sem mentira, se sua voz se assemelha a sua plumagem, então o senhor é a fênix dos habitantes destes bosques.
Diante dessas palavras, o corvo, não cabendo em si de contente, para mostrar sua bela voz, abriu um grande bico e deixou cair sua presa. A raposa apoderou-se dela e disse:
- Meu caro senhor, aprenda que todo bajulador vive às custas de quem lhe dá ouvidos. Esta lição vale, sem dúvida, um queijo.
O corvo, envergonhado e confuso, jurou, um pouco tarde é verdade, que ele não cairia mais nessa.

La Fontaine

MORAL: "O bajulador só consegue sucesso, porque sabe enxergar as qualidades das pessoas."

O lobo velho

Adoecera o lobo e, como não pudesse caçar, curtia na cama de palha a maior fome de sua vida. Foi quando lhe apareceu a raposa.
- Bem-vinda seja, comadre! É o céu que a manda aqui. Estou morrendo de fome e se alguém não me socorre, adeus, lobo!...
- Pois espere aí que já arranjo uma rica petisqueira - respondeu a raposa com uma idéia na cabeça.
Saiu e foi para a montanha onde costumavam pastar as ovelhas. Encontrou logo uma, desgarrada.
- Viva anjinho! Que faz por aqui, tão inquieta? Está a tremer...
- É que me perdi e tremo de medo do lobo.
- Medo do lobo? Que bobagem! Pois ignora que o lobo já fez as pazes com o rebanho?
- Que me diz?
- A verdade, filha. Venho da casa dele, onde conversamos muito tempo. O pobre lobo está na agonia e arrependido da guerra que moveu às ovelhas. Pediu-me que dissesse isto a vocês e as levasse lá, todas a fim de selarem um pacto de reconciliação.
A ingênua ovelhinha pulou de alegria. Que sossego dali por diante, para ela e as demais companheiras! Que bom viver assim, sem o terror do lobo no coração!
Enternecida disse:
- Pois vou eu mesma selar o acordo.
Partiram. A raposa, à frente, conduziu-a à toca da fera. Entraram. Ao da com o lobo estirado no catre, a ovelhinha por um triz que não desmaiou de medo.
- Vamos - disse a raposa -, beije a pata do magnânimo senhor! Abrace-o, menina!
A inocente, vencendo o medo, dirigiu-se para o lobo e abraçou-o. E foi-se a ovelha!...

Monteiro Lobato

MORAL: "Muito padecem os bons que julgam os outros por si."

A cegonha e a raposa

Um dia a raposa, que era amiga da cegonha, convidou-a para um jantar. Mas preparou para a amiga uma porção de comidas moles, líquidas, que ela servia sobre uma pedra lisa.
Ora, a cegonha, com seu longo bico, por mais que se esforçasse só conseguia bicar a comida, machucando seu bico e não comendo nada. A raposa insistia para que a cegonha comesse, mas ela não conseguia, e acabou indo para casa com fome.
Então, a cegonha, em outra ocasião, convidou a raposa para jantar com ela.
Preparou comidas cheirosas e colocou em vasos compridos e altos, onde seu bico entrava com facilidade, mas o focinho da raposa não alcançava. Foi a vez da raposa voltar para casa desapontada e faminta.

MORAL: "Não faça aos outros o que não quer que lhe façam."

Pessoal

Estou aqui para procurar para vocês as melhores fábulas da internet. Sempre estarei procurando
novos sites para posta-las aqui!

A raposa e o galo

A raposa encontrou o galo e lhe propôs uma aposta:
- Compadre, vamos ver quem passa mais tempo com os olhos fechados?
- Vamos! - topou o galo.
Então a raposa fechou os olhos, e o galo fechou um e deixou o outro aberto.
A raposa, que estava procurando um momento para abocanhar o galo, abriu os olhos e o viu com um olho fechado e outro aberto. Reclamou:
- Compadre galo, é pra fechar os dois olhos!
- Não, comadre raposa! Com amigo incerto é um olho fechado e outro aberto!...

MORAL: "Com amigo incerto é um olho fechado e outro aberto!..."